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quarta-feira, 8 de setembro de 2010

CRIATIVIDADE

         A criatividade é mistério que nos fascina, principalmente quando se trata da criatividade artística. Achamos que ela é um "dom" especial daquela pessoa, e que não é qualquer uma que o possui. Também nos fascinamos com a criatividade artesanal e científica, mas achamos que já se trata de uma criatividade mais artificial, e que, portanto, pode ser aprendida. Uma coisa, porém, nos encabula: Porque nem toda pessoa é criativa? Em que uma pessoa criativa é diferente de outra, digamos pessoa comum?
        Sabemos que a criação da vida depende da união de dois princípios, o masculino e o feminino. Para gerar uma vida nova é preciso, portanto, haver união entre o príncipio masculino fecundante e o princípio feminino fecundado. O resultado é a origem de um novo ser. O que não levamos em conta é que ambos os princípios estão presentes tanto no homem como na mulher, embora em proporções desiguais. O homem tem biologicamente o princípio masculino desenvolvido, enquanto a mulher tem desenvolvido o princípio feminino. Mas em ambos o princípio conra-sexual, tanto biológico quanto psíquico, permanece presente e atuante. Jung chamou o princípio feminino no homem de anima e o princípio masculino na mulher de animus. Esses dois princípios são como que a ponte entre o consciente e o inconsciente profundo, seja ele considerado como centro seja como totalidade da psique. Assim, para encontrar-se com seu centro ou Si-mesmo, o homem deve unir-se a sua anima e deixar-se guiar por ela, e a mulher deve unir-se a sua animus e deixar-se guiar por ele. Esse tema da união interna aparece representado nos sonhos como o mysterium coniunctions( = mistério da conjunção) ou casamento interior, no qual as núpcias são celebradas de forma numinosa e resplandescente. É, por assim dizer, o casamento mágico, que preludia o encontro com Si-mesmo.
       E o que é o Si-mesmo? Segundo a tradição hebraico-judaico-cristã é a "imagem ou semelhança de Deus" que habita no centro e na totalidade de toda humanidade: Vida/Liberdade = Gratidão/Reconciliação = Árvore da Vida/ Árvore do Bem e do Mal. Conforme diz literalemente o capítulo inicial da Bíblia, "Deus disse: 'Façamos o homem (a humanidade) à nossa imagem, conforme nossa semelhança...' Deus criou o homem ( = humanidade) à sua imagem, à imagem de Deus ele o criou, masculino e feminino ele os criou. Deus os abençoou e lhes disse: 'Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sumetei-a...'" (Gênesis 1,26-28). A imagem e semelhança com Deus, portanto, reside no fato de que a humanidade contém em si os princípios opostos do masculino e do feminino. Mas ainda: cada homem e cada mulher têm em si mesmos o oposto na forma de anima e animus interiores, capazes de produzir a união criativa do casamento mágico, com a gestação correspondente dos frutos mágicos ou artísticos, que não são apenas biológicos, mas também psíquicos, apontando para a presença e a manifestação do Si-mesmo através de todas as formas do êxtase artístico ou místico que fazem vislumbrar os infinitos aspectos do ser humano e, para além dele, do próprio ser divino. Tanto a arte, como a ciência e a religião têm necessidade do erotismo interno em que os opostos se namoram e se unem. Deveríamos, portanto, também ter a ousadia de dizer que esse tal erotismo humano não é mais que o reflexo do erotismo que existe no próprio Deus, pois Deus é também uma tal coniunctio oppositorum ( = conjunção de opostos) que chega a manifestar-se como infinita coincidentia oppositorum ( = coincidência dos opostos), conforme diz o teólogo Nicolau de Cusa. Chegamos até falar do prazer eterno, goso eterno, orgasmo ou êxtase em que o próprio Deus se manifesta como Criador, orgasmo e êxtase que os seres humanos vivem e experimentam biológica, científica, artística e misticamente sempre que estão criando o novo. Não é a tôa que cientistas e artistas sempre estejam presentes nos santuários sagrados, e que os místicos sejam criadores de novas experiências do divino. O erotismo presente na ciência, na arte e na religião é um elemento religioso por excelência, e no âmago dele se manifesta a união entre o masculino e o feminino, seja como criadores do corpo como da alma. Cada produto da ciência, da arte e da mística é uma revelação da profundidade do humano e, para além dele, do próprio divino. Além disso, não há razão de discutir se Deus é masculino ou feminino: Ele é ambos ao mesmo tempo, pois os opostos Nele se compõem e coincidem. Deus é Masculino e Feminino, Pai e Mãe, Filho e Amor ao mesmo tempo. E a coincidentia oppositorum Nele se perfaz de tal modo, que o Apóstolo João chega a afirmar em 'síntese plena' que "Deus é Amor" (1 João 4,8). Onde se manifesta a criatividade do amor, aí também está se manifestando Deus, acrescentamos nós... (Ainda citamos: Ivo Storniolo).
      

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