Nossos dias são marcados pelo triste estigma da fome. Fome de alimentos que contrasta com a produção nunca vista de grãos e víveres, frutos da terra generosa e do trabalho do homem que, com a técnica, produz e colhe uma quantidade impensável em outros tempos de alimentos, mas não consegue distribuí-los com justiça. Fome de amor, de amizade. Fome de trabalho, num tempo de crise econômica e lastimável raposas da política 'mensalótica', num mundo marcado pelo egoísmo e pelo individualismo, em que as pessoas têm medo de se doarem, não sabendo mais construir relacionamentos sólidos que permaneçam. Em nosso tempo, a própria palavra amor é desgastada e usada para o próprio interesse mesquinho.
Ao lado dessa fome existe o vazio esclerocardio (duro por fora e caótico por dentro), que leva a uma verdadeira falta de sentido na vida. Cada vez mais, muitos são os que perdem suas referências, abandonam valores perenes e, em busca da novidade passageira do momento, perdem-se num grande caos interior.
Consequência disso são os fatos que se tornam corriqueiros nos meios de comunicação: crises nas instituições; lares desfeitos, famílias sem rumo; o flagelo da droga que atinge principalmente os jovens; o culto idólatra ao prazer, ao poder e ao dinheiro, que geram todo tipo de corrupção, injustiças e iniquidades; o desgaste moral das autoridades que, ao invés de serem referência, nos escandalizam pelos maus exemplos. Infelizmente, hoje se torna comum ouvirmos falar de filhos que matam os pais, mães que abandonam filhos recém-nascidos, prostituição infantil e pedofilia.
Como naquele tempo, O Senhor da Mesa, olhando a multidão que se assemelha a ovelhas sem pastor, se compadece de seu povo, atualizando entre nós, o milagre da partilha a partir, de muitos anônimos que com um menor pedaço de pão ou porção de peixe, nos faz perceber que ainda é possível esse tipo de milagre solidário. O relato da multiplicação dos pães é primeiramente um grande convite necessário a darmos nos mesmos de comer: não podemos ser cristãos verdadeiros se não nos sensibilizamos com os famintos que nos cercam. Não é por acaso que a multiplicação dos pães introduz o discurso do Pão da Vida na sinagoga de Cafarnaum. Só se pode celebrar dignamente a Eucaristia se nos fizermos solidários (outros pães) com todos os tipos de famintos do nosso tempo.
Como no tempo de Jesus (O grande girassol palestinense), há uma multidão de homens, mulheres, jovens e adultos, presa de falsas doutrinas e pseudoverdades do tipo bolha de sabão que não conseguem saciar a verdadeira fome de sentido, de vida , de Deus Ternura. O Senhor da Mesa nos chama; é tempo de Missão Continental para o Resgate do Evangelho da Vida, e vida em abundância! Sendo assim, temos um compromisso junto a tantos famintos que têm o direito de receber de nós aquilo que acabamos a cada domingo de receber na Eucaristia... E Você girassol rodopiante ainda perdes tempo? Venha prá mesa você também!
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